Décadas atrás, quando o preconceito contra os homossexuais era extremo, a grande maioria dos gays se casava com mulheres. Esse comportamento era explicado pelo medo e pela pressão familiar.
Esses homens eram, em sua maioria, mais velhos, sendo que muitos casaram nos anos 70 e 80, quando a sociedade era mais hostil aos gays. Mas por que eles se casaram? Normalmente porque a família ou algum membro da comunidade colocava na cabeça que a atração pelo mesmo sexo era uma fase e que um casamento normal, isto é, com uma mulher transformaria o bofe em um homem de verdade! Eram, e continuam sendo, imposições de uma sociedade injusta e preconceituosa que, apesar das manifestações de aceitação, ainda vê com estranheza os relacionamentos homossexuais.
Existem, no entanto, muitos outros fatores que levam homossexuais a se envolverem em um casamento heterossexual, pois mesmo nos dias de hoje, com uma aceitação que só tende a aumentar, uma significativa parcela de gays continua escolhendo esse mesmo caminho. Alguns experimentam desejos homoafetivos na adolescência, contudo, às vezes, demoram a se perceber como gays. Acabam se apaixonando por uma mulher e só mais tarde aparece a certeza da homossexualidade, mas aí já existem filhos e optam por não desmanchar o casamento.
A vontade de ter filhos também leva alguns homens, mesmo sendo gays, a se casarem com mulheres. Esse casamento tradicional se mostra como a única alternativa para a realização do sonho de ter uma família. Depois de casados, mesmo infelizes, optam por continuar com a relação, com medo de perderem a família. Poucos conseguem coragem suficiente para caírem fora dessa mentira e seguir a vida com as próprias escolhas.
Vários gays ainda casam com o sexo oposto, assumindo o papel de héteros e vivendo uma vida nada fácil. A suspeita do parceiro, conflitos interiores, o dia a dia de mentiras e segredos, levam a uma vida conjugal cheia de problemas, dúvidas, discussões e conflitos diversos, com uma rotina infeliz e desgastante.
Mas, mesmo sendo uma vida conflituosa, muitos casais escolhem ficar juntos como melhores amigos e pelos filhos, que desejam resguardar antes de tudo. O segredo, normalmente, fica entre o casal, como meio de preservação mútua.
No entanto, uma grande parte desses gays acaba vivendo uma vida dupla. A familiar, com esposa e filhos; e a homossexual, com outro parceiro, normalmente, relação ocasional e passageira. Terapeutas especializados em relacionamentos homofóbicos orientam à sinceridade e o diálogo franco. Fica mais fácil contornar essas situações, quando há honestidade e transparência na relação conjugal e o parceiro confia e aceita a escolha sexual do outro. Por outro lado, quando acontece a surpresa, há uma revolta muito grande e, na maioria das vezes, a relação conjugal não se sustenta.
Inclusive para manter o status, fazem a promessa de que não manterão mais nenhum relacionamento gay, mas será que conseguem manter a promessa? Dificilmente isso acontece, pois a emoção e a busca do par ideal falam mais alto. Portanto, a cumplicidade entre o casal leva à aceitação de relacionamentos externos, tanto de um quanto do outro, minimizando o atrito e a infelicidade.
Como consequências graves desses casamentos héteros, além do ambiente familiar insatisfatório, há a presença de quadros de depressão por vezes tão sérios que levam ao suicídio e ao vício no álcool e drogas. Como seria de esperar, a decepção com o casamento hétero acontece tanto para o homem quanto para a mulher, que se vê desprezada pelo parceiro. Enfim, não é uma vida legal para nenhum dos dois.
O que leva estes homens a enganarem suas mulheres e a terem filhos de quem escondem as suas sexualidades? Simples, o medo. Além do fato de que enganaram a si mesmos por tanto tempo, é difícil, agora, admitir as próprias escolhas. Infelizmente, essa prática de viver dentro do armário tempo demais ou mesmo para sempre, ainda acontece, é um modo de fugir da dor da revelação e das pressões externas que fazem sufocar a verdadeira essência de cada um.
Hoje, em dia, quem passa por esse tipo de coisa, revela que não desejaria manter o relacionamento hétero, e o que os levou a esse tipo de casamento foi a imaturidade sexual e a incapacidade de gerenciar os próprios conflitos. Alguns não conseguem se livrar ou o processo de separação é lento demais, mas todos são unânimes em afirmar que a orientação sexual não é uma escolha, e não há como fugir disso, aconselham a sabedoria de enfrentar, na hora certa, o desafio da revelação, com todas as consequências, pois é dessa decisão que depende a felicidade e a satisfação pessoal!
A maioria dos gays que se casam com mulheres não conseguem esconder por muito tempo a sua verdadeira opçãos sexual! (Foto: Internet)
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